quinta-feira, 17 de abril de 2008

A IMPORTANCIA DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE

Vive-se em uma sociedade em conflitos de interesses, a cada dia o homem busca sua satisfação pessoal e profissional, e os centros de formação básica e superior, possem a missão de oferecer a sociedade uma contribuição significativa para que o homem viva harmonicamente, buscando a científicidade para o melhoramento do mundo, sendo um pesquisador e autodidata na construção de conhecimento a partir das vivencias estudas decorrentes de nossa matizes históricas
Sobre o assunto temas o artigo do graduando Adalberto Conceição da Silva do Curso de Pedagogia em Gestão Educacional do IESF/MA

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
*Adalberto Conceição da Silva
RESUMO
Estamos no limiar de uma educação que enfrenta mudanças drásticas, nesse novo tempo de ansiedade e corrida produzidas pela revolução tecnológica e pelas demandas e finalidades diversas de políticas educacionais em intenso processo de transformações técnico-científicas, econômicas, sociais, políticas, étnicas, religiosas e culturais, pelas quais passam as sociedades contemporâneas. A educação encontra-se numa velocidade assustadora, onde educador, educando e todos os segmentos da comunidade escolar encaram desafios na busca de um novo paradigma para a educação que valorize a inclusão social de forma participativa, democrática e compartilhada; que imponha o respeito às diversidades, por meio de ações afirmativas, e a escola consiga se fazer multicultural, interétnica, anti-racista e plural. Daí a necessidade de fomentar análises e/ou reflexões-críticas que revelem o perfil da sala de aula, pertinente aos recursos didáticos utilizados no enfrentamento da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, inserida no currículo oficial das redes de ensino, como disciplina, preconizada pela Lei nº 10.639/03, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. ______________________ * Graduando do curso de Pedagogia em Gestão Educacional, do IESF – Paço do Lumiar–MA. 1
INTRODUÇÃO (...) -
“e agora professor, me diz como é que fica? - para ensinar a cultura negra como uma disciplina. A história do negro, guerreiro, valente e nobre é uma disciplina, hoje, não mais folclore”. Zumbi Bahia, 2004. Um dos grandes desafios dos educadores do século atual, diante da disciplina “História e Cultura Afro-Brasileira” são promover uma prática educativa diferenciada, com música, dança, poemas, elementos cênicos, adereços, instrumentais percussivo e outros didáticos, voltados para a obtenção de um efeito único com as outras disciplinas curriculares, que pressupõe um complemento educacional escolar associado ao desenvolvimento das capacidades e habilidades específicas necessárias; possibilitando o exercício das potencialidades dos educandos, para a garantia da preservação dos costumes e valores culturais afro-brasileiros e maranhenses, despertando, assim, para a beleza negada e fortalecendo a auto-estima dos afrodescendentes, a sua identidade social e regional. Uma prática docente capaz de encarar a ludicidade como fator motivante; como uma ponte facilitadora da aprendizagem, tendo como objetivo as atividades cognitivas, afetivas e psicomotoras, dos educandos que, embora, ainda tratados como depósitos a serem preenchidos; como “coisas”, “incapazes” e inferiores, são seres dotados de emoção e sentimentos interagindo todo tempo com o social. Normalmente acredita-se que os jogos, as brincadeiras e as manifestações lúdicas são privilégios da educação infantil e que estão desvinculadas dos conteúdos programáticos e ainda, que sejam próprias das séries do ensino fundamental e mais, restrita a algumas disciplinas, como a Educação Física ou Artes. Apesar do ato de brincar ocupar um lugar de destaque na preferência dos educandos, poucos são os espaços na escola para que ocorram. Costuma-se não valorizar o “aprender brincando”, como se não fosse importante para o desenvolvimento da capacidade de pensar, refletir, abstrair, organizar, realizar, avaliar. Julga-se, portanto, que no atual cenário de “desencanto escolar” motivar seria a palavra de ordem para o resgate do interesse pelo aprender.
2 TEORIAS QUE EXPLICAM A IMPORTÂNCIA DO RECURSO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DOCENTE
Entende-se que as brincadeiras, os jogos e as atividades lúdicas educacionais são indispensáveis à formação da cidadania. Inúmeros são os teóricos que desde há muito tempo vem se preocupando com questões gerais e específicas a respeito da arte de ensinar. Entre várias idéias e campos de estudo em torno do assunto, vale a pena citar alguns que até hoje servem de referência, também no Brasil: Comenius foi reconhecido como o pai da didática moderna, como também, combateu o sistema medieval; defendeu o ensino de “tudo para todos” e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança. Em pleno século XVII, defendia a valorização do processo indutivo como sendo a melhor forma de se chegar ao conhecimento generalizado, proclamando que ao ensinar um assunto, o professor deveria: “apresentar o objeto ou idéia diretamente, fazendo demonstração, considerando que o aluno aprende através dos sentidos, principalmente, vendo e tocando”. Com o objetivo de explicar a idéia do ”aprender fazendo” Heinrich Pestalozzi (século XVIII), afirmava que: “o aprendizado seria em grande parte, conduzido pelo próprio aluno, com base na experimentação prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional do conhecimento”. Acreditava o educador suíço, que o método de estudo que ele defendia, deveria reduzir-se a três elementos mais simples: som, forma e número. John Dewey (1859-1952) é considerado o pensador que levou a prática para a escola como instrumento para a maturação emocional e intelectual, em defesa da democracia e a liberdade de pensamento das crianças. Para Dewey, o professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões ou problemas e jamais oferecer de antemão respostas ou soluções prontas, por isso, advogava que: “o professor que desperta entusiasmo em seus alunos, conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistemáticos, por mais corretos que sejam, pode obter”. Jean Piaget (1896-1980), no intuito de valorizar as atividades lúdicas como recurso didático, chegou à conclusão que o “brincar é uma proposta criativa e recreativa de caráter físico ou mental desenvolvida espontaneamente, cuja evolução é definida e o final nem sempre previsto”, como também afirmou que: (...) “as atividades lúdicas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas, meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual”. Conforme Vigotsky (1896-1934) em relação à situação imaginária da criança: (...) “a criança começa com uma situação imaginária, que é uma reprodução da situação real, sendo a brincadeira muito mais lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu, do que uma situação imaginária nova”. Entre as concepções sobre brincar, destacam-se as de Fröbel, o primeiro filósofo a justificar seu uso para educar crianças pré-escolares. E um tipo especial de brincar, no entanto, está associada ao nome de Maria Montessori, a médica que valorizou o aluno através dos jogos sensoriais, baseados nos “jogos educativos” pensados por Fröbel. Maria Montessori (1870-1952), acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas às condições e por isso, concluiu que: “a tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado e depois se abster de interferir”. Aléxis Leontiev (1988), assegura que é na atividade lúdica que o educando desenvolve sua habilidade de subordinar-se a uma regra, mesmo quando um estímulo direto o impede a fazer algo diferente: - (....) “dominar as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um propósito definido”. Marcos Masetto (1997, p.14), atribuiu três dimensões do processo de aprendizagem, consideradas pela didática: (humana, político-social e técnica) e toma como importante o desenvolvimento da pessoa como um todo: inteligência, afetividade, padrões de comportamento moral, relacionamento com a família, com o bairro, com a cidade e com o país; desenvolvimento da coordenação motora; capacidades artísticas, comunicação, etc. E ainda, afirma que “o aluno está em contínua evolução e fazendo parte da história de seu povo, de sua nação”.
3 EDUCAÇÃO AFRO ESCOLARIZADA
No Brasil, nos últimos anos, muito se tem discutido a respeito da implantação de ações para proporcionar à população afro-brasileira (secularmente discriminada), uma inserção efetiva em espaços como as universidades e setores do mercado de trabalho, por força do efeito de ações afirmativas – políticas públicas compensatórias e de reparação, voltadas para reverter às tendências históricas que conferiram a grupos sociais uma posição de desvantagem, particularmente, nas áreas da educação e do trabalho. Uma dessas iniciativas foi a Lei nº 10.639/03, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", que prever forma sistemática normal de transmitir esses conhecimentos, particularmente, nos estabelecimentos de educação básica, oficiais e particulares. O conteúdo programático a que se refere o artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil; a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil. Isso é excelente, por que retrata a conquista de luta, de muito tempo, do movimento social negro, mas por outro lado, começa um novo desafio que é, dentre outras coisas, o de refletirmos sobre a pedagogia da prática educativa que será adotada para ministrar a História e a Cultura de um seguimento, que até então, era conduzido e tratado nas Escolas como mero “folclore”, como também, associado às influências maléficas e demoníacas. Faz-se necessário tomar a consciência do que seja a educação afro-brasileira, agora como disciplina; como será viabilizada; quais as tendências pedagógicas que serão aplicadas, como também, pensar na implementação de cursos de capacitação afro, para os profissionais da docência, para que se possa ter um ponto de partida e de chegada. Desenvolver uma prática educativa afro-brasileira, com recursos didáticos inovadores, sem maiores distorções e/ou vulgarização é um desafio que precisa ser enfrentado urgentemente. Supõe-se que colocar em execução a Lei 10.639/03, simplesmente sob a defesa das nossas raízes culturais, corre o risco de vir a ser consumida e adaptada de qualquer maneira, ante as exigências dos padrões educacionais vigentes. Tendo como conseqüência a descaracterização e tornando-se um produto banal que tende a ser desvalorizado e em pouco tempo, obrigado a converter-se ao referido autoritário sistema. É de suma importância analisar a inclusão do ensino da História e Cultura de origem africana, por meio de um estudo étnico-cultural, considerando uma pedagogia multirracial e plural, sem a fascinação pelo efeito das formas estéticas e longe de uma postura ultrapassada, de simples saudosismo e de que não se pode tocar no tradicional. Entende-se que deve tentar conhecer mais profundamente os costumes e valores, todos os aspectos educacionais, religiosos, econômicos, sociais, políticos, étnicos e culturais das histórias afro-brasileiras, levando em conta o trabalho de ensino-aprendizagem não-oficial e de tradição oral dos grupos de culturas afro, Organizações Não Governamentais e a partir desse conhecimento propor a sua recriação e transposição educacional, respeitando as diversidades, as suas pedagogias essenciais, sem a ingenuidade e o desconhecimento das realidades geográficas, climáticas, históricas, políticas, sociais, econômicas, religiosas, culturais e étnicas de cada região da África e do Brasil. - Disseminar saberes e preservar tradições, neste instante torna-se imperativo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação do século XXI exige que os educadores sejam multifuncionais, não apenas educadores, mas psicólogos, pedagogos, filósofos, sociólogos, recreadores e muito mais. O mundo atual reivindica de toda população, sem exceção, uma educação de caráter abrangente, geral, crítica e reflexiva. Além disso, uma educação revestida da capacidade de analisar, pensar estrategicamente, planejar e também, responder de forma criativa. Desta forma, entende-se que o educador, antes de tudo, precisa ser um “profissional de animação”, que deve manter seus alunos sempre motivados para a assimilação dos conhecimentos revelando-os assuntos que despertem os seus interesses, e, isso, exige uma prática pedagógica encantadora que estimule a alegria, a curiosidade, o “gosto de querer mais”, desafiando e conquistando o seu interesse com entusiasmo. Espera-se que a prática educativa deve oferecer possibilidades de caráter criador e que esteja de mãos dadas com a prática social. Chega-se à conclusão que o educador com sua ação intencional deve fazer dos recursos didáticos um instrumento de compreensão da realidade de seus alunos, atuando junto com eles, em parceria, para criar e produzir uma mudança, fazendo surgir uma nova realidade em pró de uma melhor qualidade de vida. A prática pedagógica crítica e reflexiva que hoje emerge, deve impulsionar o aluno para ser um verdadeiro cidadão, ter a capacidade de produzir um novo homem, uma nova sociedade, em exercício de uma nova conjuntura. E ser capaz de enfrentar o risco e produzir uma nova realidade histórica e uma nova visão de mundo.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Grandes Pensadores: a história do pensamento pedagógico no ocidente, pela obra de seus maiores expoentes. Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril, 2003.
HAYDT, Regina Casaux. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 1994.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1999.
MASETTO, Marcos. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; Secretaria Especial de Política da Promoção de Igualdade Racial: diretrizes curriculares nacionais para educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana.Brasília, DF, 2004, p. 11.
ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afro-brasileiro: uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar. São Paulo: Mazza Edições, 2003.
VEIGA, Ilma Passos A. A prática pedagógica do professor de didática. São Paulo: Papirus, 1998.

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